domingo, 27 de fevereiro de 2011

Navegar

Umedecido, alagado. Meu corpo já deixa transbordar resquícios d’água. Uma água meio doce, meio salgada, que começa a romper os muros dessa represa-corpo e pressiona, com força, as pequenas frestas dos olhos. Mas resiste o corpo. E sempre que com mais força essa água corpórea insiste em lançar-se para fora, é contida. Num dilema entre forças que buscam libertar-se e aprisionar-se, devaneiam pensamentos, como que em busca de Oasis perdidos na sequidão de solo de águas represadas. Navego na sequidão de meu nada e encontro, encalhado, um navio perdido. Tesouros me esperam. Não são pedras nem líquido preto. Não se trata de terra... mas sei que algo está a minha espera. E se enchem de força meus braços. Levantem-se as velas! Guia-me a bússola de um céu estrelado e a precisão de um desejo ainda esfumaçado.

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