Choro para lavar a alma.
E sentir o alívio depois da corrente que passa tudo arrastando e levando pra longe a angústia crescente, renovando e irrigando a terra da mente.
Escrevo para tirar do peito a marca profunda da imprudência.
Grito, ainda que em silêncio, para afastar o sussurro de derrota.
Reconheço o sofrimento da queda, mas encontro forças para continuar a caminho da vitória.
Dalva de Castro, 06.09.2016
Escritos em Verso e Prosa
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
TODO E PARTE
Sou o todo parte do todo
Por isso sempre há o que buscar
É a falta de outras partes do todo
Que alimentam meu caminhar
Como a parte contém, mas não é o todo;
E o todo é maior que a soma das partes
Meu todo parte do todo se alegra
Vivendo a plenitude do todo
Que existe no espaço-tempo que há
Dalva de Castro, na estrada da vida, em 15/11/2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
AMOR!
Caleidoscópio
em movimento descontínuo
Que
gira com o caminhar do aprendiz
Criando
multe-formas mandalares
De
combinações tênues e intensas;
Expressões
de um corpo que sente
E
reflete cadência ou descompasso rítmico
De
ser eternamente navegante do tempo:
Vento
que faz velejar a embarcação da vida.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
CALE-SE!
É
o barulho interno que grita mais alto que a batucada.
A
batucada é convite à vida que parece morrer.
Uma
morte silente de olhos que olham para dentro e vê o invisível aos olhos, mas
não sabe o que fazer.
Tentei
acalmar a mente, calar o grito que mandava calar-me ou entender o que aquele
“calar” queria dizer.
Nada
se aquietou...
Apenas
um turbilhão crescente de interrogações povoava a mente, lágrimas teimavam em
escorrer pelos cantos dos olhos e o silêncio agarrava como garras, arranhando
com força a garganta para fazê-la incapaz de falar.
Tentei
libertar as amarras, aceitar o convite da festa, deixar o canto sair e o corpo
dançar, mas o grito dizendo “cale-se!” virou ordem, emudeceu-me.
A
garganta, de tão irritada calou-se por dias.
E enquanto silenciava, ouvia do mais fundo do fundo
do poço, de onde vinha todo aquele barulho interno, um som em sussurros mínimos, dizendo para seguir.
Dalva de Castro, Piaçabuçu/AL.
SOU DO MATO
Sou
do mato, do chão de terra, do cheiro de capim, do toque da umidade sobre a
pele.
Sou
da noite, do céu de estrelas, da luz da cadeira que ilumina o terraço.
Sou
de canções e histórias ao redor da fogueira.
Sou
do carinho que se faz a cada acordar.
Sou
da mesa barulhenta de tanta gente a falar.
Sou
da casa grande, de meninos correndo, brincando de esconde-esconde.
Sou
do dedo que lambe a panela de bolo, da mão que enrola o biscoito.
Sou
dá lágrima envergonhada que ainda assim se faz ver.
Sou
do mundo, do universo, sou do ir e do voltar.
Sou do canto que se chama casa, onde a família se deixa encontrar.
Sou do canto que se chama casa, onde a família se deixa encontrar.
Dalva
de Castro, Piaçabuçu/AL.
DANÇA DA VIDA
Em
busca. De mim. Do movimento...
Em
busca de quebrar as amarras que aprisionam o corpo em movimento.
Em
busca de encontrar, no outro, um pouco do eu meu.
Querendo
cuidar do que fui e ficou.
Do
que sou e ficará,
do
que serei a partir do que fui e sou.
Querendo
descobrir-me e libertar-me.
Querendo
paz, prazer,
Querendo
o que nem sei ainda ser...
Senti
medo e raiva do medo.
Medo
de errar, como se houvessem erros.
Medo
de gozar, como se fosse pecado.
Medo
de entregar-me, como se fosse proibido.
Medo
de ousar, como se fosse temeroso descobrir o novo.
Tive
vontade de me jogar no chão e não o fiz.
Tive
vontade de voar e não consegui.
Tive
receio de machucar os outros e limitei meus movimentos.
Tive
vontade de manter sempre os olhos fechados, mas os abri.
Senti
tanto e tão pouco,
fiz
apenas o que deu pra fazer.
Mas
criei a certeza de que esse pouco
se
ampliará no movimento da dança, reverberará nas ondas sonoras,
criará
uma nova forma e plasticidade de um ser que,
em sendo uma intensão de ser, está sendo, constantemente.
em sendo uma intensão de ser, está sendo, constantemente.
Dalva de Castro, Piaçabuçu/AL.
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