sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CALE-SE!



 
É o barulho interno que grita mais alto que a batucada.
A batucada é convite à vida que parece morrer.
Uma morte silente de olhos que olham para dentro e vê o invisível aos olhos, mas não sabe o que fazer.
Tentei acalmar a mente, calar o grito que mandava calar-me ou entender o que aquele “calar” queria dizer.
Nada se aquietou...
Apenas um turbilhão crescente de interrogações povoava a mente, lágrimas teimavam em escorrer pelos cantos dos olhos e o silêncio agarrava como garras, arranhando com força a garganta para fazê-la incapaz de falar.
Tentei libertar as amarras, aceitar o convite da festa, deixar o canto sair e o corpo dançar, mas o grito dizendo “cale-se!” virou ordem, emudeceu-me.
A garganta, de tão irritada calou-se por dias.
E enquanto silenciava, ouvia do mais fundo do fundo do poço, de onde vinha todo aquele barulho interno, um som em sussurros mínimos, dizendo para seguir.


Dalva de Castro, Piaçabuçu/AL.

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